Essa vai doer?
eu nunca espero o pior das pessoas, mas também, nunca me abro o suficiente — por saber do que elas são capazes de fazer.
desisti de me abrir e, às vezes, penso que nunca aprendi como fazê-lo.
aprendi que confiar dói; e, ainda assim, não espero o pior das pessoas.
espero o pior de mim. de nunca ser suficiente, de ser um peso para alguém, uma mera obrigação a ser cumprida.
então me fecho. enterro tudo o que me mata, engulo o choro que maltrata, e durmo pra ver se passa.
mas nunca passa. e eu continuo sorrindo.
falo demais, faço os outros sorrir, mas quando é sobre mim, me calo.
de tanto sofrer calado, sempre ofereço o que não me foi dado.
espero, mas nego a esperança — mantendo a distância de não ser apunhalado.
e, no fim, eu espero sim o pior das pessoas.